domingo, 20 de novembro de 2011

CAMPEAO EM 1989.


O velho e acanhado Estádio Duarte de Paiva, localizado em Sete Lagoas entrou para a estória do futebol na noite de 6 de julho de 1989. Isso porque foi lá que realizou-se o jogo decisivo do campeonato mineiro de 1989. Horas antes do jogo, a porta do estádio já apresentava um grande movimento. As 8 da noite, com as arquibancadas totalmente lotadas, a polícia militar fechou os portões, deixando muita gente nervosa do lado de fora. Até mesmo a tradicional charanga teve que tocar embaixo das arquibancadas de madeira e ouvir o jogo pelo rádio.
Mas era dentro dos vestiários que a expectativa aumentava. "Não podemos esperar que o resultado saia naturalmente", recomendou Jair Pereira a seus comandados. O capitão Luizinho concordava e garantia: "Não haverá problemas".
O que se viu durante todo o primeiro tempo, que terminou com um 0X0, não foi exatamente o previsto. A linha de zagueiros do Democrata/SL fechava bem o meio da área e Gérson não tinha espaços para se deslocar. Quando os times voltavam, porém, verificou-se logo o dedo do treinador. O centroavante saía para buscar jogo e levava sempre um zagueiro para o meio-de-campo. Com isso, Renato podia tabelar com Éder e Paulo Roberto. Foi com essa estratégia que nasceu o primeiro gol. Na linha de fundo, Éder tabelou com Renato, que apenas escorou para Paulo Roberto largar a bomba, sem chances paro o goleiro: GALO1X0! Aos 31 minutos Marquinhos lançou Renato pelo miolo da zaga e ele fatura o segundo gol. Era o gol que faria a Massa gritar a todo pulmão: "Galo BI-Campeão!"
Ao trilar o apito final, a pequena torcida invadiu o campo, pulando o alambrado e cortando a tela de proteção. Queria abraçar seu ídolos, com justa razão. O técnico Jair Pereira foi carregado nos ombros e os foguetes iluminaram os céus de Sete Lagoas. As ruas e avenidas próximas da bela lagoa central da cidade eram sacudidas pelos gritos e pelo foguetório. Como saiu, a caravana voltou: cantando o hino do Clube, rindo de alegria.
No vestiário, o entusiasmo não era menor. O título premiara a melhor campanha do campeonato e os jogadores enfatizavam isso. "Dei a volta por cima" dizia Éder. "Muitos não acreditavam que eu fosse capaz de me redimir. É bom sentir essa emoção de novo." Outro grande destaque era o veterano meia Renato. Aos 31 anos, encontrou apoio e afeto por parte dos torcedores.Mas toda a comemoração teve hora para acabar. Isso porque no domingo, haveria mais um jogo válido pelo campeonato mineiro de 1989. E se o jogo não tinha poder de decisão no campeonato, valia como se fosse um, pois era nada mais nada menos que um Atlético e Cruzeiro.
Quem deixou de ir ao Mineirão perdeu a comemoração . Os cruzeirenses entraram em campo já humilhados pela perda do campeonato por antecipação. E o Galo não quis nem saber e foi à frente. Aos 41, Renato marcava o primeiro. Depois de um cruzamento para a área, o goleiro não segura: no bate-rebate, ele fuzila para as redes. A Massa ainda estava de pé quando Robertinho ampliou o marcador. Depois de uma falta batida por Éder, perto da linha de fundo, Pereira espalma e o ponta escora com a perna esquerda. Os cruzeirenses estavam arrasados e batidos.
No Segundo tempo, , logo aos 9, Renato deitou rolou(literalmente!) e fez o terceiro. Após o gol ele corre até o banco de reservas e abraça seus companheiros! Era o adeus do veterano craque que trocava o Galo pelo futebol japonês.
Ao encerrar o jogo veio a Taça, que caprichosamente foi carregada pelos jogadores do Galo sob os olhos dos cruzeirenses que apelavam: "A taça não pode ser entregue! Ainda faltam alguns jogos para o campeonato acabar!" Os atleticanos respondiam: " O choro é livre, o bi é nosso! Hahahahaha...." E como se não bastasse, a equipe atleticana saiu do Mineirão num carro do Corpo de bombeiros que se dirigiu para a sede de Lourdes. E nas ruas a Massa entre um chope e outro gritava: "Ê ô ê ô é o Galo que manda em Belô!"