domingo, 20 de novembro de 2011

CAMPEAO EM 1988.


A equipe campeã de 1988: Em pé: João Leite, Carlão, João Pedro, Éder Lopes, Flávio e Paulo Roberto. Agachados: Sérgio Araújo, Renato, Jason, Vândre Luís e Marquinho Carioca

Quando o juiz José Cheu da Silva soou o apito final no Mineirão selando a vitória que deu o título Mineiro de 1988 ao Atlético, o técnico Telê Santana imediatamente viu um mundo de ávidos microfones disputando suas palavras. Telê no entanto, ficou mudo por alguns instantes. Ali, à beira do gramado, o ex-técnico da Seleção Brasileira não sabia o que dizer para descrever o momento que vivia. "É campeão, é campeão", sintetizava por ele a Massa atleticana.
E em 1988, o Galo foi campeão com muita justiça! o Atlético venceu o primeiro turno e, com a vitória de 1X0 sobre o Cruzeiro em 10 de julho de 1988, levou o título. Assim, dispensou até a realização de um triangular final - Objetivo do Cruzeiro que, para alcançá-lo, necessitava de um simples empate que não veio. O Galo, logo aos 13 minutos do primeiro tempo marcou o seu gol. Renato avançou em diagonal pela direita e passou no meio a Sérgio Araújo. Este lançou Carlão em profundidade, que fez um cruzamento para Jason tocar de cabeça para o gol. (GOL DO TÍTULO!)
"Muito obrigado garoto", agradecia Telê ao centroavante Jason, dando-lhe um abraço apertado. À medida que se soltava em delírio, o técnico era só agradecimentos à equipe. "O Atlético para mim é uma segunda casa", exaltava. "Sinceramente, nunca trabalhei com um grupo tão bom, dedicado, unido e profissional." Nem por isso Telê deixou de fazer um certo suspense sobre seu futuro. "Estou cansado", dizia, "Pode ser que eu dê um tempo."
Emocionado, o médico Neylor Lasmar, ex-integrante da comissão técnica de Telê nas Copas do Mundo de 1982 e 1986 não lhe poupou elogios. "Tínhamos que ser campeões juntos um dia", vibrava. "Eu queria este título por ele!" Nos ombros dos goleiros João Leite e Rômulo, o veterano treinador foi carregado para a frente da Massa. Ovacionado, Telê viveu um momento que não tinha desde 1977, quando ganhou o título gaúcho com o Grêmio. Para o Galo, foi apenas a volta à rotina - era o 32° título mineiro e o sétimo dos oito títulos que o Galo arrebatou anos 80- O Goleiro João Leite dizia: " Dar mais uma volta olímpica com a camisa do Galo é sempre uma alegria!"
 "Sei que a torcida tem loucura por ele". comentava o quarto-zagueiro João Pedro sobre Luizinho, titular da posição. "Mas fiquei feliz pela oportunidade e tenho certeza que O substituí à altura." Luizinho, suspenso, preferiu torcer e vibrar de sua casa em Nova Lima, distante 20 km de Belo Horizonte. Sua ausência e a de seus companheiros, porém, desarmou aquela que poderia ser a maior desculpa para o fracasso cruzeirense. "O Ademir e o Careca fizeram falta." admitia o meia cruzeirense Heriberto sobre os jogadores do Cruzeiro servindo a Seleção Pré-Olímpica de 88. "Mas a verdade é que jogamos mal, só isso."
E Heriberto tinha razão. O resultado poderia ser mais expressivo. O ponta Sérgio Araújo, contundido e depois barrado numa seqüência de partidas, provou que ainda não saciou seu apetite de bola: infernizou a vida do experiente lateral Wladimir. "Procurei me mexer bastante para abrir espaços", disse. Ao seu lado, Renato engrossou o coro: “A equipe esteve perfeita no primeiro tempo, mas não tivemos sorte nas finalizações”. 
Renato, que não acertou o pé na final, acabou ficando com doze gols no certame. "Não dava mesmo para alcançar a artilharia." , resignava-se. Do outro lado, o camisa 9 do Cruzeiro, queixava-se. Hamílton, que somou dezesseis gols dizia: "Preferia ter feito um só, mas que fosse o gol do título."
Para sua decepção, o autor da façanha foi Jason, contratado ao Rio Negro do Amazonas com o campeonato em andamento. "Eu sou demais", gabava-se o atacante. "É a lembrança que vou deixar!" (E foi mesmo, depois disso Jason desapareceu do mundo do futebol.)
Mas não foi apenas esta a imagem que o Galo deixou viva na memória de sua torcida. Além de retomar do rival Cruzeiro, a hegemonia do futebol mineiro, o Atlético lavou a alma de Telê . "Só não somos campeões brasileiros por injustiça!" reclamava o técnico referindo-se à Copa União de 1987. "Nós vencemos os dois turnos da copa União." Declarou Telê numa animada festa que entraria noite a dentro no Clube Labareda. Para a torcida que foi ao Mineirão na tarde de 10 de julho de 1988 ficou a consideração que Telê foi o verdadeiro autor do gol de Jason d'aquela memorável tarde de domingo.